“Eu não quero ser um produto do
meio ambiente, eu quero que o meio ambiente seja um produto meu”.
E com esta frase, que o
personagem de Jack Nicholson pronunciou no maravilhoso filme “Os Infiltrados”,
eu começo meu post sobre uma série da vertigo que é, para dizer o mínimo,
perturbadora. Estou falando de Escalpo, provavelmente uma das séries mais
realistas que eu já li ou lerei por muitos anos. Quando eu digo realista, não
falo das coisas boas, do amor e carinho que pode existir entre os seres
humanos. A realidade que me refiro é o lado sombrio do mundo, são todas as
coisas que as pessoas são capazes de fazer por ganância, é a maldade explodindo
na nossa cara e a emoção de ver que até no inferno nascem flores. Em Escalpo,
os EUA são mostrados de uma forma tão surreal, que é impossível não acreditar
que realmente não existam pessoas como aquelas andando entre nós. Pior é que
quanto mais nos aprofundamos na trama, mais somos capazes de identificar que, aquele
universo de cores e imagens, é o nosso universo.
Como já deu para perceber, sou um
apaixonado pela série; alias, sou apaixonado por tudo que a Vertigo produz.
Ainda não vi nada que foi publicado pela Vertigo que fosse ruim, apesar de meus
gostos não serem iguais aos de todos. Infelizmente, não são todas as obras que
são uma gritante unanimidade entre os leitores; são poucos os autores que
conseguem tal feito (como um tal Alan Moore e outro chamado Neil Gaiman). Em
Escalpo, precisamos dizer que é virtualmente uma obra adulta. O contexto, os
diálogos e a maneira que os personagens foram construídos, demonstram de forma
entusiasta que esta obra foi proposta para leitores mais maduros e com opiniões
bem definidas. Não significa que pessoas mais novas não se identifiquem com a
série ou não consigam fazer as determinadas ligações. Se existe uma coisa boa
que a internet trouxe, foi a grande facilidade com a qual podemos ter acesso a
informação. Então, se uma pessoa mais jovem por acaso lê que Escalpo tem certa
relação com Leonard Peltier, ele rapidamente tem como saber quem é, a história
do qual faz parte e de quebra, ainda conhece a maravilhosa música do Rage
Against the Machine chamada Freedom. Alias, escutar Freedom (não tocando alto;
suavemente...) lendo Escalpo #nãotempreço!
Vamos a história, sem spoilers ,
como já é costume e tradição deste blogueiro. A história se passa na reserva ROSA DA PRADARIA, que não é a reserva
bonitinha que os fãs da saga crepúsculo amam. Não é uma reserva rodeada de
coisas belas, com nativos americanos andando quase sem roupa para cima e para
baixo, ocasionalmente transformando-se em lobisomens para caçar vampiros
purpurinados. Nesta reserva, como diria nosso amigo Cauê Moura, “o barato é lôco”!
É a reserva com o maior índice de alcoolismo na America, além de ser um
dantesco antro de perdição, com tudo que os círculos do inferno têm direito: prostituição,
viciados para todo lado, laboratórios de meta anfetamina (nessa hora imaginem a
trilha de Breaking Bad), violência descarada e sem limites, além de uma máfia
de respeito, com um chefe que comanda tudo isso com mão de ferro chamado
Lincoln Corvo vermelho, um anjo de pessoa (anjo tipo o Lúcifer...).
Nossa história começa para valer, quando um
ex-morador da região, chamado Dashiel Cavalo Ruim (esses nomes são demais!) que
na verdade é um agente federal infiltrado (agora faz sentido a frase do início
do post) volta a reserva e sua missão é conseguir provas para uma condenação de
Corvo Vermelho; provas diretas ou indiretas, é importante dizer. A verdade é
que nada vem de graça; portanto esse serviço que Dashiel se propôs a fazer, teria
um grande ganho para sua careira de agente federal, e no decorrer da trama ele
vai percebendo que não será tão simples. A possibilidade dele se corromper pelo
caminho é grande; fora outros fatores que não vou mencionar, afinal eu disse “sem
spoilers”, mas posso adiantar que tem mulher na rodada (sempre têm...). Essa
série é demais, faz por merecer todos os prêmios que recebeu,é um autêntico
título Vertigo.
Para qualquer ser humano que adore
histórias policiais, Escalpo é uma boa e essa é inclusive uma das formas de se
definir a obra: uma obra policial. Não sei se considero a história totalmente
policial; eu a vejo mais como um drama violento e mega realista, que trás para nós
uma imagem da America do Obama que não é retratada em filmes e seriados. Eu,
por exemplo, sempre tive curiosidade de saber mais sobre os nativos americanos
da América do Norte. Curiosidade de ver-los sendo retratados nos quadrinhos.
Enfim, com metáforas ou de forma mais crua, Escalpo faz o leitor pensar e
qualquer quadrinho que cause esse efeito, merece ser mencionado. Recomendo e
assino embaixo! Vou ficando por aqui. Vou deixar o link da Comix, para quem
quiser completar ou começar sua coleção da revista mensal Vertigo, que é onde
vocês vão achar Escalpo. Obrigado pela atenção. Me sigam pelo Facebook
e Twitter para saber sobre novos posts. Abraços.