Bem, depende! Quer dizer, ir para
a televisão é uma coisa, entrar na televisão literalmente acho um tanto perturbador.
E é exatamente sobre isso que se trata esta mini-série da década de 80, que
sinceramente muita gente não entendeu bem o conceito. Partindo-se do princípio
que existe um conceito por trás dessa obra. Foi produzida por várias pessoas: Cary
Bates, Keith Giffen, Dave Hunt e um monte de artistas convidados, entre eles
Kevin Maguire, Walt Simonson, Trina Robbins, Jim Starlin (o Rei das Sagas
Cósmicas), entre outros. E acho que essa revista é bem conceitual, e quando
digo isso, não estou falando da história. É mais da forma que ela se apresenta,
as referências, enfim é bem interessante no fim das contas.
Vamos a história, como sempre sem
dar spoilers: a temática é magia, no caso específico, magia negra e uma forma
de alteração de realidade. Nosso personagem principal chama-se Damon Xarnett e
ele é um adolescente bem normal. Cheio das inseguranças e outros problemas
próprios da idade, como não conseguir se declarar para a garota que gosta ou
seja, nada que eu e todo mundo não saiba. Ele é um cara viciado e filmes, coisa
bem comum na década de 80, afinal para quem viveu a década de 80, deve se
lembrar de como era difícil ter acesso a filmes e músicas. Não tinha internet
ou arquivos MP3. Os filmes eram verdadeira jóias e a tecnologia do momento, o
famigerado videocassete, era objeto de consumo de todos. Eram os bons e velhos tempos,
quando a galera se reunia toda para assistir um vídeo na casa dos amigos. Damon
é desse tempo e uma pessoa que ler isso hoje, talvez não se sinta tocado pelo
clima que a obra cria. É uma obra datada, definitivamente.
Continuando, Damon tem um tio que
é praticante de magia negra e tem dinheiro. Tanto dinheiro que possui um super
equipamento de vídeo, o que deixa seu sobrinho doido claro. Este tio de Damon,
acha que a cidade dele (a fictícia cidade de Hickory Heaven) anda muito
agressiva e que os bons costumes de antigamente se perderam. Então tem o plano
de transfigurar (não sei como eu poderia chamar o que o cara pretende fazer!)
através de magia, a cidade e transformar-la em um filme de Frank Capra (seja lá
o que isso signifique na cultura Norte-Americana da década de 80!), aparentemente
um mundo mais calmo, bem “velhos tempos”. Todos são educados, todos se
cumprimentam, essas coisas!
Nem preciso dizer que uma coisa
tão maluca não tinha como acontecer sem problemas. Muitas confusões e situações
que nos mostram um mundo de referências aos grandes filmes da década de 80.
Essa obra, como eu já disse, é totalmente datada. Todo aquele clima sobre
filmes e a paixão pelos videocassetes está presente e hoje, confesso que ao
reler para escrever o post, eu senti uma ponta de nostalgia. Não sei se era
essa a intenção dos autores, criar uma obra completamente datada, que
posteriormente causaria esse sentimento nas novas gerações. De qualquer forma,
acho que é uma leitura válida, não só pela arte em si, que é ótima, como pelas
pessoas envolvidas (vocês não acham que Jim Starlin colocaria seu nome em uma
obra que não fosse boa?). É divertido e quem for nostálgico ou simplesmente um
hippiester, vai pirar. Vou ficando por aqui. Agradeço a todos que me
acompanham. Vou deixar o link do site ONOMATOPEIA DIGITAL, que tem scans dessa
obra. É muito difícil achar em mídia física, só pelos ML da vida. Mas quem
puder compre que é válido. Obrigado pela atenção. Abraços.